sexta-feira, março 17, 2006

à espera

à espera. ali, encostada ao ferro negro e frio, à espera do corpo que há-de chegar. sonhas os teus lábios agora brilhantes saciados de outros que, por agora e por entre as árvores, vêem assobiando ao sabor da tarde que passa devagar.

à espera. aí, na quietude dos dias, à espera que o azul do céu dê lugar ao manto negro das estrelas. e, por dentro, fervem as lâmpadas na ansiedade dessa hora em que, milagrosamente, o filamento de tungsténio, enrolado em forma de bobina para melhor concentrar o calor, se torna incandescente.

à espera. o candeeiro, que por agora não ilumina e apenas serve de encosto ao seu corpo de mulher, à espera do olhar do fotógrafo que, à luz do dia, viu sonhar as lâmpadas, ainda apagadas, na certeza seguinte de um abraço meigo.

vieram depois os beijos e à espera ficaram os dias.
imagem: [«lâmpadas que sonham», de Ricardo Manuel Santos]

7 comentários:

Memória transparente disse...

"...e, por dentro, fervem as lâmpadas na ansiedade dessa hora em que, milagrosamente, o filamento de tungsténio, enrolado em forma de bobina para melhor concentrar o calor, se torna incandescente..."

Lindo.

Beijinhos.

Avó do Miau disse...

Concordo com a Céu! Muito lindo!
Parabéns por mais um post fantástico!
Daniela Mann

☆Fanny☆ disse...

Há algum tempo que não visitava este Teatro das Palavras, por falta de tempo. Hoje ousei desafiá-lo tempo e não me arrependi, pois adorei as palavras que nos deixaste no palco encantador da tua escrita.

Um abraço com aromas de Primavera*

Fanny

Estrela do mar disse...

...bem isto é que foi inspiração Ricardo...ADOREI!!!...


Jinhosssssss.

NickyBlue disse...

Fantástico...

Å®t Øf £övë disse...

Ricardo,
Muito bem escrito, como só tu sabes.
Abraço.

Avó do Miau disse...

Olá Ricardo, passei para lhe desejar a continuação de um domingo feliz!
Um abraço,
Daniela