terça-feira, agosto 30, 2005

pessoas como pessoa

há pessoas que ainda me conseguem surpreender.

"de branco, de espada e a cavalo", como diz o poeta Alegre. com a coragem dos grandes guerreiros, sem medo das consequências; corpo hirto pronto para a luta. à espera de um som, um único som, seja ele o de uma trombeta, uma sirene, um raio ou o dedilhar de uma viola.

saem de si, revelam ao público o que o espelho há muito guarda para si, e, fruto de uma qualquer varinha de condão, aí estão eles prontos a chorar por ti, por mim, por nós.

com uma língua, a letra "P", livros debaixo do braço, martelo na ponta dos dedos, caneta atrás da orelha, de mil e uma formas, dispostos a fazer de um país [quem sabe de Portugal], de um povo [quem sabe o nosso], de alguma coisa outra coisa ainda melhor.

são pessoas que acreditam e, que com amor, conseguem prolongar os sonhos para lá das madrugadas, através das manhãs de sol.

ainda há gente assim. como nos livros. [e eu procuro desalmadamente essas pessoas]

quinta-feira, agosto 25, 2005

tributo

a indiferença não encontra refúgio em mim. não sou capaz de esquecer. e a revolta sabe a pouco.

ontem, vi a serra a arder outra vez. tive o coração tão pequeno.

felizmente, há anjos que descem à terra. vindos do céu os aviões são aos nossos olhos enviados de Deus. ou de outro Ente qualquer [sempre] muito superior a nós.

e num espaço de esforço, dedicação e profissionalismo ficam só [um só tão imenso] marcas da natureza enfurecida, espicaçada pelos homens: cinzas e lágrimas.

e tudo o que se diga é tão pouco quando há homens que dão a vida para salvar outras vidas. e bens. e tudo o resto.

ontem, a eficiência dos meios (excelente coordenação, rapidez, quantidade e eficiência) mereceu as minhas palmas. e apesar do que ardeu a Serra da Boa Viagem continua verde: a cor da esperança.

segunda-feira, agosto 22, 2005

cinzas

com o passar dos dias ficamos imunes aos rigores das estações. já nada importa, nada faz sentido. as forças da natureza nas mãos dos homens são armas impiedosas. e apesar de, intimamente, me ver julgado a saber as respostas, não consigo evitar a pergunta: porquê?

sobram os olhares tristes dos rostos cansados que deixam cair lágrimas nas cinzas.

António Cruz' 2005 [figueira.net]