quarta-feira, abril 20, 2005

cansaço

"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem
"
Sophia de Mello Breyner

nada mais.
só o cansaço. e a certeza de que estás aí. ao meu lado.
tocando-me.

quinta-feira, abril 14, 2005

caminho insofismável

não é nada fácil andar atrás das coisas que nos fogem pelos dedos. como as ondas do mar, o vento, os teus cabelos e as minhas palpitações, o teu sorriso ou os nossos suspiros.

também não é nada fácil ser refém das palavras que roubaste ao mundo, aos dicionários ou à minha boca. como as que ouço pelo ar, como as que dançam, as que choram ou as que fogem da razão.

fácil não é escolher temas para a banda sonora do teu acordar. como os que sonho durante a noite, os que roubo à madrugada, os que canto ao sol ou componho ao luar.

amar-te também não é fácil. porque fáceis são as canções que se dançam, mas não se sentem, que se conhecem, mas que não se guardam.

mas mais difícil ainda era viver sem ti. sem fazer das letras uma frase feita.
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sábado, abril 02, 2005

Palma(s), Jorge

ou o alucinante concerto de um homem alucinado.

o Jorge esteve e não esteve lá. talvez o Palma (ou as palmas) por lá andassem. meio confusas, absortas, entre o real e o imaginário. a verdade é que o concerto aconteceu e será, de facto, muito difícil de esquecer... uma verdadeira alucinação!

ao som do “Norte”, com algumas incursões por histórias mais antigas (e tão ao nosso gosto), o que obtivemos desde o início foi, sem dúvida, um simplesmente “deixa-me rir”... que grande pedrada! mas também o que esperaria o público de alguém que, ao pequeno-almoço, degusta, nada mais, nada menos, que dois ovos estrelados e uma super-bock?

cheguei ainda a questionar a veracidade do palco: têm a certeza de que tudo isto não é encenado? pelos vistos não era, mesmo apesar de, como lembrou o artista, ser dia das mentiras. e, no fim, o que ficou, para além do excelente som na sala e dos bem conseguidos efeitos visuais, foi um Centro de Artes Espectáculos (CAE) “estupidamente” bem disposto.

a questão que fica é: teria o concerto sido tão memorável se Jorge Palma estivesse sóbrio? sinceramente acho que não. o essencial, a música, estava lá. o resto são coisas “que não interessam nada”. where’s next?