terça-feira, julho 03, 2007

buracos

caio sempre no mesmo buraco. mudo de rua, de passeio, de cidade, mas o buraco irrompe invariavelmente entre os passos e as passas e, fatalidade suprema, vou sempre ao chão. estava limpo, é o que vale. também não houve grande alarido, nem sangue à fartura. com o andar das coisas, ou seja, com o multiplicar dos buracos, a carapaça vai endurecendo e eu já não choro tanto.

tenho que me levantar outra vez. talvez mude de rua, de passeio ou mesmo de cidade. já pressinto um outro buraco mais à frente, subtil na sua sevícia, mas não posso ficar no chão. não devo. não quero.

vou respirar fundo, fechar os olhos e avançar uma vez mais. nesta fase, começo a escrever filosofia e chego à minha primeira sábia conclusão: não vale a pena ir de olhos bem abertos; os buracos são inevitáveis.


imagem: [«Aqui», Rui j Santos]

9 comentários:

Anónimo disse...

Apoiado, as suas palavras não mentem. Há que aprender isso. Visite passarinhojose.blogspot.com

Mãos de Veludo disse...

não sei proquê, mas estas palavras fizeram-me lembrar de um poema de Robert Fros, intitulado The Road Not Taken... é um pouco grande, mas deixo-o aqui...

TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.



há sempre caminhos que deixamos para trás, mas mesmo os que escolhemos, podem estar cheios de buracos que nos fazem cair.... para dpis levantar!

Raio de Sol disse...

inevitáveis e necessários, para nos fazerem levantar, sempre para um caminho melhor...

saudades de te ler...

é bom ver que continuas por cá...

soldeinverno

Ísis Osíris disse...

não concordo... deixa de esperar por buracos, que vais deixar de te cruzar com eles! achas que mereces assim tantos buracos?

KRIEG disse...

Foste cuscado!

Histórias de uma mulher disse...

Palavras de mestre na vida.

Lívia Gonçalves Machado disse...

Oi.. achei seu blogger bem interessante. to add. ele no meu blogger. pod ser?...
Bjao.

Anónimo disse...

"No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
Carlos Drummond de Andrade

Esse teu texto me fez lembrar desse outro do Drummond... tens razão... não há como fugirmos aos "buracos", assim como é inegável que sempre haverá "pedra no caminho"... mas o importante, acredito eu, é seguir em frente, e nunca temer os inevitáveis "buracos" e "pedras" do caminho.

Muito prazer!

Márcio Pereira disse...

Boas.. Decidir ver qual o melhor blogue figueirense em 2008.
Aconselho a fazer um post a dar conhcimento aos seus leitors que existe estes premios e para votarem. Aqui fica o endereço do blog para votar.
A votaçao começa a 20 de outubro em http://bloguesfigueirenses.blogspot.com/
Boa sorte