sábado, junho 25, 2005

vindo do céu

venho das estrelas / e desço à realidade / sentado nas asas de um pássaro

gostava de lá viver a eternidade
isolado na paz do prazer / do teu regaço

e há uma gota que me foge / pelo rosto segue / à passagem do tempo
e lá longe fica o teu abraço / numa doce prece / no calor do momento

e as linhas da estrada passam / e o mundo avança / sempre mais triste e triste

o brilho do sonho apagou-se
é lembrança, só lembrança / que em mim existe

e eu vou, tenho que ir sozinho / que o céu sem ti / não fica no meu caminho...

texto: [Ricardo Manuel Santos, 9Set.03] imagem: [Ana Borges, 30Abri.05]

sexta-feira, junho 10, 2005

fragrância azul

submergir. do azul forte, escuro, denso até ao limite das águas. até o sol nos banhar a face, até a pele ganhar a cor e a forma, o corpo o peso e a medida. até nos sentirmos respirar, asas livres sem pressão. sem medo.

a fragrância do azul sabe a mar. tem sal e movimento, tem estrelas, pedras, tem algas e mais sal. dizem que sempre tem sol. dizem que sempre tem força. mas eu acredito que o azul [o mar] também sabe chorar. e tem lágrimas que são gotas, que são nossas, que são minhas, que não são de ninguém.

submergir dos teus vestidos azuis enrolados em mim, presos ao sabor do meu corpo. decifrar a textura do vento, das areias que incomodam até tu chegares, da pele que usas com cheiro de amor. encontrar os teus lábios rubros envergonhados do teu olhar azul.

como o céu e o mar se pintam, nos mergulhos que damos abraçados. e tu, farol, que nos olhas enamorado.

pudera os dias viver só de fragrâncias azuis. como o de hoje.

»» azul C-A #2