“dói-me a pele.”
torno a ouvir as palavras que te ouvi naquela madrugada glaciar. doía-te a pele, enregelada, fria como a morte, morta que estava a chama que nos incendiou aos dois. os teus olhos já não eram os mesmos e até os sabores do pequeno-almoço da véspera se escondiam agora, receosos dos momentos bons que se faziam memória. o passado escrevia-se com verbos no presente e as chamadas de horas custavam agora a fazer, traídas pela distância exacta dos metros que nos separavam.
aquele vento gélido voltou hoje. as minhas mãos isentas de sangue tocaram as teclas do telemóvel ao som de um sms recebido. o teu nome estava lá, a dar-se à lembrança, a dar-se ao pensamento, como se, por milagre divino, a meteorologia controlasse os afectos. volto a pensar em ti. o teu sorriso meigo e doce; o teu rosto de porcelana, pintado à mão por delicadas mãos de artesão; a tua ingenuidade escondida; a tua maturidade fingida; tudo isso que me levou um dia a amar-te. e a não deixar esquecer.
o sms nada revela. vem branco como a história dos nossos dias. tenho frio. e sabes, dói-me a pele também.
torno a ouvir as palavras que te ouvi naquela madrugada glaciar. doía-te a pele, enregelada, fria como a morte, morta que estava a chama que nos incendiou aos dois. os teus olhos já não eram os mesmos e até os sabores do pequeno-almoço da véspera se escondiam agora, receosos dos momentos bons que se faziam memória. o passado escrevia-se com verbos no presente e as chamadas de horas custavam agora a fazer, traídas pela distância exacta dos metros que nos separavam.
aquele vento gélido voltou hoje. as minhas mãos isentas de sangue tocaram as teclas do telemóvel ao som de um sms recebido. o teu nome estava lá, a dar-se à lembrança, a dar-se ao pensamento, como se, por milagre divino, a meteorologia controlasse os afectos. volto a pensar em ti. o teu sorriso meigo e doce; o teu rosto de porcelana, pintado à mão por delicadas mãos de artesão; a tua ingenuidade escondida; a tua maturidade fingida; tudo isso que me levou um dia a amar-te. e a não deixar esquecer.
o sms nada revela. vem branco como a história dos nossos dias. tenho frio. e sabes, dói-me a pele também.
imagem [olhares]
10 comentários:
faz me tanto lembrar um passado da minha curta vida...muito bonito..bj
Que lindo este texto e a imagem também!
Adorei lê-lo!
Bom fim-de-semana!
~*~
o texto provocou-me o frio das memórias nele inscritas (reais ou imaginadas).
B
j
u
f
a
s
[.]
arrepio
[..]
frio...
[...]
Um texto escrito de uma forma tão peculiar que me arrepiou os sentidos.
Há lembranças que teimam em permanecer e quando a memória as vai buscar...há sentimentos que não conseguem escapar a tanta emoção.
Um beijinho e um sorriso*
Obrigada pelo teu aplauso no meu refúgio de murmúrios.
Fanny
Saudade, esse sentimento que tanto nos caracteriza... Muitos a sentem, mas muito poucos a conseguem descrever com a beleza com que tu o fazes. Espero que ela passe... Jinhos
texto belo e acutilante
como sempre gostei de te ler
xi
A saudade é tramada. Este texto lembrou-me não só o amor como também os desamores, até mesmo destes acabamos por ter saudades.
Jinhos, espero que tenhas voltado a sentir calor.
oh ricardo tao bonito.. este "dói-me a pele" foi das frases mais bonitas que li tuas. apesar do frio, da tristeza, da ausência.
ficou muito muito bem escrito este texto.
*
Ricardo,
Hoje decidi comentar este teu texto, porque especialmente hoje estas tuas palavras me tocaram intensamente.
Bom fds.
Abraço.
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