estava ali. tinha atrás de si mais de duas centena de degraus e à sua frente pouco mais de meia centena. estava, por assim dizer, numa posição confortável. naquele patamar almofadado, os ecrãs LCD transmitiam-lhe memórias vividas desde o início da subida: a determinação, os obstáculos, as raivas, os nervos, as angústias, os sorrisos, as palmas, as palavras, os panos que se abriram e fecharam, semana após semana, defronte às plateias.
uma subida gloriosa, dirão alguns. podia continuar a subida, vir a descobrir o que fica para lá do último degrau – o “degrau dourado” –, saber na pele o sonho de tantos.
naquele momento, tomou uma decisão: iria voltar a descer. “Estás louco?”, perguntaram-lhe os companheiros da viagem. “Estarei? Lá em baixo posso, de novo, voltar a sonhar com a subida. Daqui para a frente é sempre igual.”
na verdade, o que ele tinha era medo de estar por cima das nuvens; ele que tanto gostava de chuva.
3 comentários:
estar por cima das nuvens é maravilhoso... no meu caso penso assim porque não gosto da chuva... e lá em cima o céu é sempre azul...
bjs
como eu gosto de te ler:)
secalhar...o que ele tinha era medo do desconhecido...cá em baixo...já sabia o que o esperava.
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