quantas mais vezes tentava esboçar um sorriso, mais o teu olhar se confundia com o mar. e nesses instantes entre a realidade e o sonho, quando sei estar perto do fim o céu, nunca conseguirei tirar do dicionário [ou da alma] palavras que cheguem [ou que falem somente].
impotente. o teu sofrimento alimenta a minha inadaptação à dor, aos teus olhos manchados de angústia, ao teu rosto coberto de sal. não fosse a chuva miudinha que, por agora, me lembra o sangue quente que ainda corre e, neste momento, seria uma bola de fogo, de raiva, quem sabe o furacão agreste que [felizmente] nunca senti, rumo à explosão final: um rebentamento de mim.
e por favor – eu sei que consegues – não me fales do sol que vai voltar a nascer. mostra-me antes o brilho dos teus olhos por entre as gotas que te vincam a face. e deixa-me sentir nos teus lábios o sabor da vida, a certeza de que, juntos, duas cerejas inseparáveis, beberemos, já esta noite, essas lágrimas como um cocktail doce, suave e sem álcool.
foto: ["ashes everywhere", sweetcharade, 9.10.05]
7 comentários:
A tua escrita estácada vez mais requintada, mais cativante. Adorei este texto. Jinho terno, BShell
não gosto de sal na cara...
estou cansada de ver essas gotas...
um beijo garnde :)*
já tinha saudades das tuas letras...
bjs de boa semana!!
(e não te esqueças... dia 23 ;-)
Foi queda cada palavra que lia. Como se entrassem no meu sangue. Sinto-me percorrida, trespassada, pela vontade inutil que alguem um dia me saiba escrever assim. Era tão bom ser transparente e deixar que o brilho do sol fosse o nosso brilho...
Era tão bom e tão distante.
Um beijo
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