o equilíbrio faz dançar a alma. leva-a para lá e para cá, ao sabor do vento, da gente que passa. tenta manter-se de pé. agarrar bandeiras, erguer árvores, lançar foguetes, mas a chuva cai. as lágrimas são demais para um rosto tão pequeno. e dói muito. porque as flores também perderam a cor.
a doença tem nome. cancro. ponto final. é preciso encarar a palavra. como a doença nos encara o corpo numa luta diária. desigual. injusta.
conheci, antes dos testes e exames médicos, a força e a determinação. vi, depois deles, lágrimas nos rostos dos que mais a amavam. e, juro, julguei ter perdido para sempre o seu sorriso.
mas não. porque descobri que a força vive na alma. descobri que os pés só deixam de dançar quando a alma desiste de viver. e ela encara, com a naturalidade dos dias solarengos, o olhar piedoso dos que a observam. e responde, com o desprezo devido às conotações, que a quimioterapia não lhe permite apanhar frio.
tudo tão simples. a doença, a cura. simples demais para tantos de nós. grandioso demais para ela. e reconheço-me na minha pequenez. na nossa pequenez. tão mais infelizes.
não lhe vendo a minha pena, porque não a merece. ofereço-lhe sim a minha mais profunda admiração, na certeza de que, em cada manhã, haverá sempre mais uma dança.
porque os dias não morrem hoje...
a doença tem nome. cancro. ponto final. é preciso encarar a palavra. como a doença nos encara o corpo numa luta diária. desigual. injusta.
conheci, antes dos testes e exames médicos, a força e a determinação. vi, depois deles, lágrimas nos rostos dos que mais a amavam. e, juro, julguei ter perdido para sempre o seu sorriso.
mas não. porque descobri que a força vive na alma. descobri que os pés só deixam de dançar quando a alma desiste de viver. e ela encara, com a naturalidade dos dias solarengos, o olhar piedoso dos que a observam. e responde, com o desprezo devido às conotações, que a quimioterapia não lhe permite apanhar frio.
tudo tão simples. a doença, a cura. simples demais para tantos de nós. grandioso demais para ela. e reconheço-me na minha pequenez. na nossa pequenez. tão mais infelizes.
não lhe vendo a minha pena, porque não a merece. ofereço-lhe sim a minha mais profunda admiração, na certeza de que, em cada manhã, haverá sempre mais uma dança.
porque os dias não morrem hoje...
foto de Áurea Rico
7 comentários:
brindemos ao sol:)
bêjito
"Amor Medicina e Milagres" é um livro, escrito por um cirurgião oncológico chamado Carl Siegle (mais letra menos letra...). Aborda o tema de modo muito interessante e no meu entender é sempre uma bela prenda para uma pessoa a quem lhe diagnosticaram cancro e que quer lutar para viver! Não é o único, mas é sem dúvida um princípio!
"é preciso encarar a palavra. como a doença nos encara o corpo numa luta diária. desigual. injusta."
Mesmo desiguais e injustas, mesmo diárias, para as nossas lutas pessoais encontramos sempre força. Até a força que nunca soubemos ter.
Tal como encaramos a palavra também aprendemos a encarar a piedade, o desânimo, a tristeza e a esperança.
Na nossa pequenez há um imenso espaço para o amor à vida.
A força que temos é nos dada muitas vezes (quase todas) pelos que estao a nossa volta. Acredites ou não a nossa alma é cheia de pessoas (ou pelo menos cheia de sentimentos que temos pelos outros), assim a vontade de viver de alguem, deve-se sem duvida a vontade que as pessoas que lhe sao queridas tem que ela viva...
Ninguem é forte suficiente para encarar por si uma coisa dessas...
Por isso lembra-te que a luta dessa pessoa é por ti! Devolve-lhe um sorriso e um abraço (pelo menos) todos os dias...
É facil viver ate nos quererem tirar a vida, a partir dai vivemos pelos outros...
(desculpa a opiniao "estranha")
Beijinho
Enquanto as nossas almas dançarem estamos vivos!
Jinhos...muito bonito...como sempre.
...acompanhavas-nos nesta ilusão?...
Beijinho*.
Fantástica a forma como escreves.
Bom fds.
Abraço.
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