quinta-feira, novembro 03, 2005

quando o céu também chora

gosto de ouvir os desabafos do tempo. quando ele, por entre as rajados do vento norte, traz até mim as recordações da criança que já fui. que brincava entre as árvores do quintal, indiferente à chuva e aos ralhetes da avó Maria.

até ao dia em que o céu chorou comigo. o meu balão vermelho rebentou contra o espinho de uma roseira que, todos os dias, me cumprimentava no caminho de terra batida, entre a minha casa e a quinta lá em cima. chorei como a criança que era.

o tempo ficou ainda mais triste. e a chuva, até ao fim da viagem, dançou no meu rosto com o sal da minha tristeza. criando em mim caminhos sem tempo e sem destino, que, triste, ainda hoje escuto, "numa dor que nunca cabe e faz transbordar os dias" [Mafalda Veiga].
foto: ["limite", simone, 16.08.05]

6 comentários:

SL disse...

Fico feliz por te ver o rosto das palavras. Mas que bem parecido...
Adoro ler-te! Já te tinha dito, mas vale sempre a pena quando se trata de pessoas como tu.

Anónimo disse...

dizendo isto da maneira mais simples que posso e tentando evitar um discurso enomre sobre a vida e os seus desgotos e blá blá...digo que...os balões foram feitos para voar..

Bem escolhida a frase da Mafalda :)

Estrela do mar disse...

...Ricardo e há tantos e tantos momentos em que os balões rebentam sem nós percebermos e que nos dói tanto...


Beijinhos e tem um bfs.

Red Boys ESTAÇÃO disse...

Ouvi dizer q o sol volta este fim de semana. Desejo-te que sim.
UM abraço.

Anónimo disse...

Gosto deste texto, gosto deste blog... Faz-me sentir bem, sinto-me em casa. Sinto-me, como me sinto num teatro.

Anónimo disse...

Gosto deste blog, tem conteudo, as palavras, frases, textos aqui escritos transportam-me para um sitio que eu não sei identificar, só sei que não é real ;) muitos parabéns