gosto dos guiões. riscados, rabuscados, anotados, cheios de notas e de músicas. gosto do ar aparvalhado de cada um dos actores diante da sua nova vida. gosto de os ver sugar em cada folha uma nova emoção, uma lágrima, um sorriso ou uma gargalhada. gosto dos projectos, das maquetes, dos cenários que se sonham, ainda no papel. gosto dos figurinos. a cores e mais ainda a preto e branco. gosto.
gosto de distribuir vidas. saber que, nos próximos meses, o Bruno, o Paulo, a Teresa, a Susana, a Guida, o Alfredo, a Andreia e o Vítor vão habitar uma nova aldeia, num novo tempo. o tempo e o espaço que são ainda hoje e só palavras. palavras minhas.
quiseram por-me à prova. desta és tu que vais connosco. se o mundo é teu, as nossas vidas (das personagens, claro) tuas são. aceitei. em troca dar-me-ão eles as emoções. a mim e ao público.
gosto de estar feliz. gosto do apoio dos actores e dos técnicos. gosto de saber das nossas experiências passadas e bem sucedidas. gosto de aventuras. mas não gosto nada de estar cheio de medo.
11 comentários:
Se costumas ser bem sucedido e gostas tanto do que fazes, porquê medo? Tensão, nervoso miudinho, isso sim. Duvido que seja mm medo... Bjs doces. Ana (dreamingabout)
gosto de te ler... também se respira bem no teu blog ;-) um beijo... Delírios2004
Gostei do que li.
Julgo que está na altura de abrires as cortinas completamente.
Abraço.
Quantas palavras ficaram
travadas na boca
pairando em segredo
dispersas na alma...
por medo?
Quantos gestos e abraços ficaram por dar
quantos carinhos...
Quantos mimos e beijinhos
não aconteceram
apenas por medo de nos soltar-mos e de voar?
Quantos amigos ficaram por fazer
quantas histórias por contar...
Quantas barreiras foram erguidas
e posições sem sentido defendidas
quantas montanhas ficaram
por escalar...
e tudo por medo!
Lança-te no vazio tranquilo
não abafes nem mais uma palavra
e risca um espaço
que te pertence desde sempre.
Gosto quando as cortinas abrem e eu já sou outra que não eu: tenho outro nome, outra vida, outro sentir que não o meu!...e o escuro lá em baixo tem gente que eu não vejo...que me vê...que me sente como eu sou ali...depois do abrir do pano!
Jinhos, BShell
...e eu gosto de te ler...mas sem medo...
Um beijinho*.
Este "medo" é o que nos faz avançar, aprender, melhorar, decidir, arriscar e viver. Este é o medo que nos ensina a sentir e é o medo que nos deixa a sorrir quando, mais tarde, nos visita a memória.
confesso-vos a todos que o medo não passou. talvez um dia depois da estreia. mas, não se preocupem, risquei há muito do dicionário a palavra "desistir". e depois há o prazer, a vontade, a força... e as vossas palavras que vão, sem dúvida, ser muito do sucesso desta aventura. num teatro, bem perto de vocês.
olha, nao tenhas medo... ;)
o que importa é que vás rabiscando e enchendo os papéis e os cenários, com mais vida e mais cores diferentes. também eu penso muitas vezes no meu medo do ensaio futuro. depois vêm-me à mente aqueles musicais cheios de vida dos anos trinta em que as senhoras projectavam a sua voz aguda com muita força e com uma certa indiferença do que os espectadores iriam achar ou estar a pensar naquele momento.
claro que o resultado culminava sempre com um grande bater de palmas e com as pessoas de pé a acenar muito satisfeitas.
põe-te à prova e depois conta-me ;)
obrigada por mais uma transmissão de palavras.
Sabe mesmo bem. ;) **
um beijo`*
É esse medo que nos faz tremer? Que nos arrepia? Que nao nos deixa dormir de noite? Esse medo que nos da prazer?
Comigo é assim... tenho tanto medo de falhar que as vezes nem adormeço com medo de não acordar a tempo (nem que falte mais de uma semana) Tanto medo que me faz fazer tudo melhor...
Este é o medo que nos move... Não é do medo que nos paralisa (esse é o medo dos fracos) e "nos" nao somos fracos!! (pois nao?)
Estas pronto...
As personagens estão nos lugares...
Luzes
Pum Pum Pum
Que saudades que eu tenho dos nervos antes da cortina abrir...do gosto amargo do esquecimento de uma deixa...da alegria dos aplausos...
Obrigada por fazeres recordar-me disso também esquecido.
Jinhos
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