Orlando Neves
vinha escrito numa página de jornal, a preto e branco [como um verdadeiro jornal], sujando os dedos de carvão. não era destaque, mas, pelo menos, vinha noticiado: a morte das palavras. desconheciam-se as causas e os locais. apenas aquela certeza inaudita.
no dia seguinte, o jornal não se publicou. também não houve processo instrutório, julgamento ou acusação. o mundo calou-se. a voz perdeu o tom, as coisas perderam nome e os significados deixaram de fazer sentido. como num fado mudo, a canção do nada invadiu o céu, as poças de água e as chávenas do café.
suicidaram-se os poetas, choraram, desolados, os que sonhavam e os loucos deixaram de se sentir crianças. no silêncio dos dias seguintes o incógnito assassino viu-se, sem saber porquê, a morrer de solidão.
no dia seguinte, o jornal não se publicou. também não houve processo instrutório, julgamento ou acusação. o mundo calou-se. a voz perdeu o tom, as coisas perderam nome e os significados deixaram de fazer sentido. como num fado mudo, a canção do nada invadiu o céu, as poças de água e as chávenas do café.
suicidaram-se os poetas, choraram, desolados, os que sonhavam e os loucos deixaram de se sentir crianças. no silêncio dos dias seguintes o incógnito assassino viu-se, sem saber porquê, a morrer de solidão.
8 comentários:
...porque as palavras são importantes, vês?
Sem elas...o vazio!
Gostei de te ler.
E o meu poema também é para ti, claro!
Figueira da Foz...não há ano nenhum que aí não passe uns diazitos. Está-se bem.
Beijo também para ti da
BlueShell
Olá! Gostei muito de visitar o teu blog!
*^*^*^
um belísimo texto a complementar uns versos do Orlando Neves k não tarda faz um ano k nos deixou. Bjs e;)
as pessoas dão tão pouca importância ás palavras... só damos conta do que é verdadeiramente importante quando o perdemos... o teu texto triste e belo deixou-me arrepiada... um beijo em jeito de saudade...
Tu és o génio das palavras.
...passei para deixar um beijinho e desejar uma boa semana...logo que me sentir melhor, voltarei...
boa semana. Bjs de luz
o que nos restará quando o último poeta for silenciado?
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