segunda-feira, dezembro 06, 2004

ao final do dia...

as estrelas estavam lá, dispersas no azul escuro da noite. a areia primeiro, um extenso areal fez-me companhia, acompanhando-me os passos ao longo da avenida. está bonita, a nossa avenida, após a queda de algumas estrelas que, imaginem só, ficaram penduradas nos ramos despidos das árvores. mais longe, já depois de muitos passos e passos, perna para lá, perna para cá, ouvi os sinos da Igreja tocarem. uma melodia doce, recortada pelos compassos das ondas. que combinação original, vejam só: ondas e sinos. mas a nossa Figueira é assim mesmo.
levei por companhia a solidão. uma excelente companhia, digo-vos já. pelo menos, está sempre disposta a ouvir os nossos desabafos e raramente discorda de nós, salvo uma ou outra vez em que a consciência se mete ao barulho. e ela acompanha-me, indiferente, inspirando, expirando, ao ritmo das ondas que vão e vêm. o mar está tão masinho. e a noite está fria, mas aconchegante.
há outras almas perdidas na avenida. às vezes, gostava de te ter por companhia. poder falar contigo. e chegar a casa, de mãos dadas contigo, com a penca do nariz gelada, mas a alma bem quentinha.
mesmo assim, sem a tua presença, gosto dos meus passeios. da minha avenida. dos meus passos, noite fora, vigiado pelas ondas, sonhando contigo.

Sem comentários: