apanhado de surpresa pela fúria dos acontecimentos, acabei engolido pelo tempo. quando dei por mim já lá ia uma semana inteirinha sem plateia, sem teatro, sem palavras. apenas a vida. nua e dura. o trabalho, as reuniões, as iniciativas, os preparativos para tudo e para nada, a busca de sonhos, a realização de outros, horas, minutos, segundos tão fugazes como a vida. e hoje, qual peça trágico-cómica, dizem-me que acabou mais um ano. e assim é.
não gosto de balanços, principalmente quando o passivo assume maior significado do que o activo e os capitais próprios são escassos. nas empresas como na vida ter um balanço destes não é nada, nada bom. contudo, felizmente (à que dar as graças a quem as merece!), o balanço dos meus últimos 366 dias não sofre daquele mal.
profissionalmente, separemos duas fases. o primeiro semestre foi para esquecer. a angústia da incerteza, o diz que disse crónico, a falta de solidariedade e companheirismo, a ruptura da equipa... e estou eu de férias no Luxemburgo e na minha caixa do correio cai a minha carta de cessação de contrato. férias estragadas? quase. felizmente, após o regresso, e lá entramos no segundo semestre, as coisas tomam outro rumo. uma nova administração assume funções, a equipa sofre reajustamentos e (à que dar graças a quem as merece) lá continuei, a bem da verdade, nada pior do que antes. há que admiti-lo: muito bem mesmo!
pessoalmente, as coisas dividem-se também em duas fases temporais. curiosamente, igualmente no primeiro e no segundo semestre. no primeiro, os momentos de prazer, a suavidade da tua pele, o olhar o mar a teu lado, o saber-te ali sempre que precisava, fizeram desses loucos momentos suaves recordações. depois as coisas tinham que ser definidas e tu acabaste longe. depois disso apenas a beleza de um rosto, o carinho de outras palavras, e a verdade é que, acredito eu, por acordares todos os dias à distância de quilómetros, cá estou sozinho. triste? quase.
os amigos são a compensação de tudo. permanecem os mesmos. iguais a si próprios. loucos, determinados, carinhosos, amigos e pronto. a vocês, aos que estão longe e aos que estão perto, dedico o meu ano. obrigado por tudo.
e o balanço resume-se assim: o activo engloba a profissão, a realização pessoal e a concretização de alguns sonhos e o passivo acumula as despesas com o campo emocional. os capitais próprios assumem no meu balanço o enorme peso da amizade. e essa (à que dar graças a quem as merece!) dá-me equilíbrio para viver feliz. em consciência, de bem com os outros e com o mundo.
venham mais 365 dias. mais palavras, mais cenários, mais teatro, mais plateias. cá estou eu para os viver.
1 comentário:
Espero que a tua vida seja tão apaixonante como a tua escrita. Beijos fofos. Ana (dreamingabout)
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