segunda-feira, dezembro 20, 2004

conta corrente

venho para casa perdido na confusão dos números, das contas, dos euros, dos cheques e das facturas... no fim do dia, o sol já foi, já desliguei o computador e o silêncio toma conta do espaço. ouço pela primeira vez em largas dezenas de minutos a minha própria respiração. lenta, sincronizada, cansada. já lá vai mais um dia. mais um. a seguir vem o volante, a estrada, os faróis que nos encandeiam em cada esquina, os semáforos - sempre vermelhos! -, um gato perdido na passadeira para peões e a nossa casa... tão minha. não estás lá para me receber com um sorriso. não estás lá para me receber zangada. simplesmente não estás. e as contas, os números e tudo o resto dá lugar à solidão. sem sorrisos, sem palavras, sem gestos. tenho esperança no sonho que há-de chegar. tenho esperança no dia de amanhã. tenho esperança noutros sorrisos. quanto mais não sejam aqueles roubados à felicidade de um cheque contra recibo. até lá... boa noite. por hoje a minha conta corrente está saldada.

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