segunda-feira, dezembro 13, 2004

mãos

mãos. as tuas mãos que vagueiam perdidas sobre a areia. mãos que procuram o corpo, a certeza, o calor, o coração que as largou ao vento. sentem o mar por baixo delas, lá no fundo, a imensidão de tudo por baixo do manto arenoso, por baixo de milhares de grãos de areia, por baixo das tuas lágrimas. mãos. as tuas mãos que procuram as ondas que fogem, que vêm e tornam a fugir. como todo o mundo, como o teu corpo e o meu corpo que se entrega e se recolhe, se dá e se esconde. as tuas mãos apoiadas na solidez da incerteza. as tuas mãos no nada. as tuas mãos vazias de alma. as tuas mãos no fogo da paixão esquecidas de amar. as tuas mãos sozinhas, enraivecidas, cruéis, parciais. as tuas mãos juízas da vida. as tuas mãos que sentenciam o rumo da areia, dos grãos que te escorrem pelos dedos e se deixam levar pelo vento. as tuas mãos ali, esquecidas, sem anéis, sem alianças. sozinhas. mãos. longe de ti, longe de mim.

3 comentários:

Anónimo disse...

muito bonito... tal como muitas mãos... Elsa (http://delirios2004.blogs.sapo.pt)

Å®t Øf £övë disse...

Gostei das tuas palavras.Foi bom ler-te.
Abraço.

ricardo disse...

Obrigado a todos! E voltem sempre.